E veio o ermitão a dizer-me: "
todos dizem sobre a crise; não vejo crise alguma! só a verei quando vir magnatas a suicidarem-se, a pularem aos montes das janelas de seus escritórios..."
Também não topei com nenhum cadáver de algum magnata-milionário suicida. Mas parei pra pensar. Magnata suicida é coisa rara hoje em dia, tempos em que a honra nada vale e que um milionário recém-falido pode ficar novamente rico vendendo sua alma (ou sua biografia).
Mas mesmo assim, não vejo o suicídio de magnatas como sinal de crise. Quem se joga das janelas e dos escritórios são justamente quem trabalha para os magnatas; os soldados, os cabos-armeiros e os fuzileiros. No máximo um tenente.
O milionário não há de suicidar-se justamente porque seu bem-estar financeiro (e de sua empresa) é mantido pelo Estado. Este, em defesa de empregos e do equilíbrio comercial, socorre os que estão em perigo (em perigo, não os oprimidos...
não confunda!) com a velha desculpa do bem-estar do capital, mesmo que depois de todo o socorro os mesmos milionários demitam os empregados que o Estado tentou preservar.
Ninguém com dinheiro irá suicidar-se. Creio que apenas Judas - que investiu trinta moedas na bolsa - enforcou-se. Depois dele mais ninguém.
Por isso, ermitão, não veremos a chuva de magnatas...
No dia em que um Naji Nahas soltar-se do 22º andar de um prédio comercial e estatelar-se no chão não será sinal de crise, mas de Justiça!