Certa feita apresentaram-me um vídeo de um médium musical. De violão em punho, ele cantava canções dos espíritos que ali estavam. Só gente da nata! Elvis, Cartola, John Lennon... Cantou uma 'inédita' do compositor da Mangueira. Gostaria de saber por que estes espíritos estavam juntos. Afinidade? Novas parcerias?Outro fato que intriga é do médium só 'receber' os espíritos de grandes nomes famosos de músicos falecidos. Seria interessante ouvi-lo dizer:
- Aqui tem vários espíritos. Cartola, Elvis, Frank Sinatra (que está conversando com Al Capone), John Lennon, mas eu gostaria de privilegiar um espírito humilde, rapaz da comunidade. Vou incorporar Zé Petto de Vila da Penha. Quero dar uma oportunidade pra ele, que, em vida, não teve a chance de mostrar seu valor...
Tem que instituir um sistema de cotas para os espíritos mais carentes, pois os médiuns não passam de espirualistas neo-liberais, capitalistas que exploram a fama de quem morreu no auge!
E veio o ermitão a dizer-me: "todos dizem sobre a crise; não vejo crise alguma! só a verei quando vir magnatas a suicidarem-se, a pularem aos montes das janelas de seus escritórios..." Também não topei com nenhum cadáver de algum magnata-milionário suicida. Mas parei pra pensar. Magnata suicida é coisa rara hoje em dia, tempos em que a honra nada vale e que um milionário recém-falido pode ficar novamente rico vendendo sua alma (ou sua biografia). Mas mesmo assim, não vejo o suicídio de magnatas como sinal de crise. Quem se joga das janelas e dos escritórios são justamente quem trabalha para os magnatas; os soldados, os cabos-armeiros e os fuzileiros. No máximo um tenente. O milionário não há de suicidar-se justamente porque seu bem-estar financeiro (e de sua empresa) é mantido pelo Estado. Este, em defesa de empregos e do equilíbrio comercial, socorre os que estão em perigo (em perigo, não os oprimidos... não confunda!) com a velha desculpa do bem-estar do capital, mesmo que depois de todo o socorro os mesmos milionários demitam os empregados que o Estado tentou preservar. Ninguém com dinheiro irá suicidar-se. Creio que apenas Judas - que investiu trinta moedas na bolsa - enforcou-se. Depois dele mais ninguém. Por isso, ermitão, não veremos a chuva de magnatas... No dia em que um Naji Nahas soltar-se do 22º andar de um prédio comercial e estatelar-se no chão não será sinal de crise, mas de Justiça!
Nascera em berço pobre. Passara toda infância sorvendo o leite do seio magro de sua mãe, na ausência de outra coisa para comer. Somente aquilo o nutria. Aquilo e o desejo preemente de mudar de vida. Pensava que um dia, pelo menos, conheceria o mar e andaria de carro - mesmo aqueles pequenos, duros e desconfortáveis - pela orla da capital. Pensava em seus pais e isso o motivava a trabalhar cada vez mais.
Quando pequeno, capinava duas roças. Com o ganho de altura e agilidade nos braços, conseguia capinar três, no máximo quatro (se estivesse bem disposto e a lua iluminasse o roçado). Sua meta era ver tudo capinado, e ai daquela erva daninha que ousasse crescer nos domínios do patrão de seu pai. Sua família nada tinha. Vivia numa cabana do lado do córrego onde somente dormia e, depois dos 12 anos, começou a comer farinha. Foi pegar um saco e um sabão-de-coco na casa do patrão e por lá viu fotos da capital. Um sol diferente. Um sol que bronzeava e não tirava a pele do 'cabra' como aquele que o fustigava. Seguiu sua vida no roçado até completar a maioridade, quando foi para o tiro-de-guerra, condecorando-se, por sua agilidade na subida de cordas e salto sobre muros, como cabo e assistente do tenente. Passava o dia vendo os soldados subirem e descerem da barra, enquanto preenchia fichas, palavras-cruzadas e varria o chão do gabinete. Foi aí que conheceu o rádio. O rádio, além de fazê-lo rir, encheu-o de idéias. Não mais queria apenas andar de carro pela orla; queria andar em um Willis bem espaçoso, enquanto balançava o braço na brisa do exterior do veículo. Pensava adiante! A imagem de quem lavorava na roça estava ficando para trás e a cidade estava próxima, apenas 300Km do povoado onde estava. Quando chegou a sargento, resolveu largar tudo e correr o mundo, tentando a vida na cidade. Comeu o pão que o diabo amassou, até tornar-se um milionário. Tinha a fortuna de 40 milhões. Sustentava a família, os compadres, os amigos do tiro-de-guerra, as moças que desejara na casa de burlesco e investia num prédio comercial que logo logo venderia pelo dobro. Muitos que o ignoraram agora davam-lhe tapinhas nas costas. Olhava orgulhoso o passado. Os sofrimento que passou e as adversidade que o moldaram. A revista do outro estado o chamou de self-made-man. E assim se considerava. Tinha agora um vida confortável Tudo que um bilhete de mega-sena pôde dar-lhe e deu-lhe.
Quem defende o caráter motivador de gritos e hinos, há de concordar que nosso hino brasileiro é um mero ato contemplativo, que forja bobos naturebas ou monges tibetanos. Se quisemos seguir o furor frances, que conclama a todos para lutar e morrer pela pátria, contra nobres soberbos, tiranos e corruptos, devemos selecionar no nosso iPod cultural o Hino da Independência. Talvez funcione. Ou ficar a pátria livre, ou morrer pelo Brasil.
Em operação sigilosa e bem sucedida, o exército colombiano resgatou Ingrid Betancourt (foto) e mais 14 reféns. Nem parecia tática sulamericana. Nos tempos em que reina o Caveirão®, pensei que Uribe fosse adotar a tática palestina e varrer os guerrilheiros com uma escavadeira desgovernada ('run, Forrest, run!'). Segundo especialistas de esquina, foi tudo graças à inteligência e ao treinamento americanos. Há quem diga que as Farc estão nas últimas, que estão demilitarizadas e desmoralizadas. Confesso que não sei Arriscaria dizer que a imagem das Farc realmente é de decadência, de deteriorização dos valores por que lutavam - venderam-se ao valor do pó -, a reboque do fim das concessões políticas feitas por presidentes cagões, com medo de enfrentar a guerrilha. Sobre isso, apenas diz-se: ao pó se vendeu, somente o pó restará.
No casamento dois corpos se tornam um. Com a morte do consorte, um torna-se meio. A metade boa do casal Cardoso foi-se, deixando na Terra a parte da bravata e das concessões escandalosas.
O Ministério da Saúde trabalha para o bem-estar do cidadão. Agora quem quiser mudar de sexo é só procurar atendimento do SUS. Se o sujeito estiver com pneumonia ou com dengue, talvez não seja atendido. Mas é vida que segue. O que importa é a identidade sexual de cada um. Se o indivíduo chegar acidentado e precisar amputar a perna, talvez não encontre atendimento, pois o médico pode estar amputando o pinto de algum(a) cidadã(o) colorida(a).
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Mega-projeto brasileiro. Inundações e energia produzida após enormes obras. Índio quer apito e o pau já comeu. Munidos de facões, inocentes indígenas brasileiros agrediram engenheiro que fora explicar a construção de barragens de hidrelétricas. Rompendo com a imagem do ideal romântico de Gonçalves Dias e José de Alencar, Juca-Pirama e Peri quase deceparam o braço do bacharel, empunhando a revolta de quem perde a sua mina de ouro pro Estado (se já não bastasse o IR da classe média). Como diz Pietro Ferrazini - consultor ambiental e jasuíta de plantão: 'indio é selvagem, mas não é besta'
Fina flor da sociedade carioca fez passeata na bacana orla do Leblon exigindo boicote às Olimpíadas Pequim2008. É interessante... Em países como Filândia ou Suécia eu até entenderia este tipo de manifestação. Mas no Brasil? No Rio de Janeiro? A cidade infestada por Aedes egypt, epidemia de dengue e granfino vestindo camisa e envergando bandeira do Tibet? Vai pra periferia catar garrafa vazia e pneu ao léu. Vai falar com seu vereador ou deputado pra cobrar maiores investimentos e atenção aos problemas locais! Cada um que lute sua luta. Quando terminarmos a nossa, ajudamos os outros.
O mundo acompanha sangrenta batalha para que o mundo boicote as Olimpíadas de Pequim. O regime imposto pela China aos monges tibetanos, não reconhecendo sua liberdade e soberania, ecoa pelo mundo na voz do Dalai Lama. Este, infelizmente, declarou que aceitava o conceito do Tibet como estado autônomo chinês. Ontem declarou que os enfrentamentos que o mundo acompanhou nesta semana não são articulados ou encorajados por ele. Ameaça renunciar para findar a violência. Covardia ou nobreza, preferindo a opressão à morte de milhares de pessoas? O mundo deve comparecer em peso com suas delegações, pois ninguém liga para isso... Ninguém boicotou as outras Olimpíadas! Até mesmo sob o jugo de Hitler uma competição daquele porte realizou-se e a resposta ao mundo e ao füher veio nas pistas do atletismo, com negros desafiando a Teoria Ariana. O esporte nos revela muitas surpresas. Gritos muito mais agudos e estridentes do que pancadarias em praças públicas (isso se contarmos com atletas e não aqueles que envergam o uniforme brasileiro, principalmente no futebol... meros escravos do dinheiro).
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Gilberto Gil há muito demonstra afeição por Bob Marley. Ontem escreveu um artigo para O Globo® sobre os 63 anos do cantor rastafari, que cultuava a idéia do 'retorno às origens' ou 'redenção negra', mas se espelhou num ditador africano que comia plebeus no café-da-manhã. Já o nosso Gil, é pura inépcia/inércia no Ministério da Cultura. Sombra e água fresca... nada de realce...
Gostaria de saber quantas pessoas já se mataram por conta da melancolia e depressão que emanam da série 'Queridos Amigos'. Nem dramaturgo romeno conseguiria ser tão triste...
Entre uma mulher e um negro, o eleitorado americano deve optar pelo velho baixinho republicano. Já fizeram de tudo na campanha anti-Obama. Estamparam até fotos de seu quase xará Osama. É infantil e grosseira tal atitude da Fox® e da CNN®. Deveriam agir como alguns religiosos e pichar os muros com frases do tipo "SÓ JESUS EXPULSA O OBAMA DAS PESSOAS"
Tudo não passa de uma grande injustiça, pois podemos concluir que: se é negro e joga basquete, ninguém melhor representará os EUA.
Cientistas alemães, finalmente, descobriram a identidade da tão retratada senhora de boca pequena e misteriosa. Após tantas especulações feitas por leigos, críticos d'arte, cineastas e outros idiotas, os alemães afirmam que se trata de uma italiana que visitou o estado de Goiás e pereceu de febre-amarela. Um espanhol - amigo de outro que morreu amarelo - disse que não acredita que um mosquito tenha matado um homem. 'É inaceitável, disse. Além de mosquitos, bactérias e germes (criaturas bem menores) mataram milhões de indígenas quando europeus aportaram nas terras de América.